Sobre culpa e ansidade

*Quem veio primeiro? A culpa ou a ansiedade. Ou as duas andam de mãos dadas nas trilhas da vida?*

A rodinha girando eternamente. Os pensamentos ansiosos se repetem infinitamente na sua cabeça trazendo questionamentos sem fim e culposos.

"Você poderia ter feito mais? E se você não tivesse feito as coisas daquela forma? Como seriam as coisas? Será que eu fiz/falei certo? O que as pessoas estão pensando de mim? Como também... Será que vai acontecer isso de novo? Como eu faço para não viver isso de novo? Isso é igual ao que eu já passei, vai acontecer tudo de novo? Ou não? "

O quanto o jogo da responsabilidade versus controle pode nos deixar em um estado que dá a impressão que realmente tudo gira apenas em torno de nós mesmos e do que poderíamos/deveríamos fazer. Parece que a todo momento, precisamos agir de uma forma meticulosamente correta, deixando-nos em um estado de alerta absoluto (ansiedade) ou pagaremos o preço de nos sentirmos culpados e com remorso de cada pequeno ato da vida.

Mas será que é possível viver dessa forma? Tão correta, perfeita e irreparável. Não, esse não é um texto para dizer que precisamos de culpa e ansiedade para viver. Mas é importante percebemos como angústia vem quando percebemos nossas limitações e o quanto não somos infinitos e absolutos (Freud explica!). Então, talvez nosso grande desafio pessoal seja compreender como isso se estabelece na nossa vida e seus significados. Como isso aponta para que viver a partir das nossas vulnerabilidades e entendendo sobre elas, possa promover a possibilidade de suspiros além da angústia. Entendendo que não temos poder sobre tudo (nem de mudar o passado e nem de controle do futuro), respiramos em nossas contradições e talvez possamos fazer um trampolim delas.

:)

OBS.: A imagem desta postagem é do trabalho do fotógrafo canadense Tony Luciani que fez retratos da sua mãe que sofre de demência. E você pode saber mais do trabalho dele nessa matéria: https://tinyurl.com/289s45kv

________

Acompanhe no Instagram

@psiemperspectiva

Por Luisa Holanda

Psicóloga

CRP 11/11493